Num bairro nobre de Lisboa, há uma casa de cores vibrantes que se entrelaçam noutras mais calmas, onde há pedaços de outras eras, borboletas dançantes e um jardim que solta os sentidos. Um cruzamento singular, entre Brasil e Portugal abre portas para que uma história nova seja tecida.
Esta paleta de culturas unificadas pelo falar, distribuída por três pisos, revela padrões de azulejaria que conversam com traços de madeira. As pedras que vêm da terra harmonizam com tons marrons onde se revelam desenhos étnicos. O chão acolhe um tapete, atado à mão com técnicas de outra época, e uma banqueta de madeira onde pousa uma camurça convida a sossegar.
No universo das receitas escritas ou inventadas, há tonalidades que apelam a sabores e aromas, apetece criar, misturar e fazer aquela arte poderosa que mexe nas emoções. Cozinhar é amor que pede encontro à volta da mesa de castanheiro envelhecido. E quando o sol está intenso os estores, criados de antigos panos, fazem a penumbra que aconchega. Aqui onde acontece esta magia há uma passagem para o jardim que se abre numa miscelânea de verdes com um pequeno lago que convida a deixar a alma relaxar.
O alpendre exibe um recanto para animadas conversas onde uma mesa de centro revestida de azulejos pede infinitos convívios, sob os auspícios de um enorme espelho que guarda segredos, tudo rodeado de finas cortinas de alvo linho. As cores que vagueiam pela casa exaltam o coração para nos fazer sentir uma existência repleta de leveza.
Quando cada um se despede do dia e onde os sonhos são libertados, existe um abrigo que combina com cada vivência. O quarto principal, rodeado de tonalidades calmas, desvenda uma cama com dossel guardada por mesas de cabeceira concebidas numa estrutura em ferro onde assenta um vidro reciclado.
Sendo sentida a Amazónia através da fusão de verdes que acalmam no marmoreado do lavatório, acima antigos espelhos venezianos refletem um novo dia.
Perto dali os tons coral são parte de outro quarto e há pormenores suspensos. Meios cocos fazem parceria com ouriços do mar e plantas secas exibindo a mestria artesanal.
Mantendo o conforto do cruzamento de tons entramos uma inspiração patchwork com cores quentes em harmonia com o plácido branco. Neste recanto intimista há peças onde as recordações embalam o sossego.
Ao lado está o azul sereno do mar português, deixando poisar uma cama que lembra uma chaise-longue, num pequeno recanto um azul mais intenso diz que ali também se guardam recordações.
E há, no cimo de tudo, uma sala que pede partilha de aventuras ao redor de uma mesa vinda de outras terras e um sofá que sussurra segredos berberes. Quando uma porta se abre descobre-se uma fusão de caminhos, onde à volta de uma mesa de madeira surgem cadeiras listadas fazendo par com outras mais descontraídas.
Todo o ambiente foi pensado para que a casa fosse uma dimensão daquilo que é viver.