É no tanque com uma bica portuguesa que a água se movimenta e a casa se deixa ouvir. Que os ambientes dialogam entre si, soltando sílabas, palavras, frases. O verde jade mantém o fio condutor, como que a lembrar a abundância e a boa sorte. E o seu fluxo de energia oferece-nos a profundidade envolvente e recorda-nos culturas diferentes que se cruzam com a nossa.
Quando a casa conversa connosco, sente-se o fluxo que se cruza no pátio. As palmeiras imperiais criam o ritmo que nos leva do Algarve para paragens mais distantes, sem precisarmos de sair do lugar.
Vagueie com languidez por entre as janelas, sinta as cortinas brancas de linho a esvoaçar e aproveite a luz quente do final do dia. É essa luminosidade filtrada pelo ambiente, em consonância com a sonoridade da água, que marca o centro da casa.
O calor, a luz quase coada, aconchega-nos em noites de leveza. A repetição das lanternas através dos diferentes espaços cria uma sensação de profundidade filtrada.
São elas que desenham imagens efémeras nas paredes, uma mistura de dia e noite. Um desacelerar nas horas, que nos ajuda a ganhar tempo.
A viagem não fica por aqui. Pulseiras, colares, peças de decoração ou móveis conduzem-nos ao espírito de independência do povo berbere. Pratas e outros metais trabalhadas por artesãos, em que a atenção ao detalhe é primordial. Pormenores riquíssimos, a testar a paciência. Aqui, uma peça é uma história. Uma forma de contar o passado e trazê-lo ao presente.
Mas descanse agora, pois esta é uma casa que lança um convite às férias. Aos dias longos de verão, às tardes e noites sem pressa. A cama de dossel de metal trabalhado, vestida agora a linho, liberta os sonhos para que possam voar com o vento, sem amarras ou tensões. São as molduras que lembram as ogivas árabes que nos abrem uma janela para outros mundos. Outras tonalidades, outras texturas. E, no final do dia, no princípio da história, no meio da narrativa, sentimo-nos nós mesmos num ambiente que é uma extensão do que queremos viver. De quem queremos ser.