
Quando a noite cai, é junto da lareira de exterior que se aproveitam os fins de tarde. Recostados nas cadeiras que lembram a little America que em tempos se instalou na ilha e que nos levam a outros dias.
O espaço já não é o mesmo. Cresceu após o restauro, todo ele erguido com rocha vulcânica. Fragmentos, fósseis, cores e texturas que ajudam a criar histórias. Mas há muito mais. A pedra vulcânica é só o começo. Depois disso, encontramos a cal branca, os linhos grossos texturados, as rendas feitas pelas artesãs locais e a cor de tomate, que nos faz sonhar com dias de verão.
A celebração da cor faz-se na cozinha, mas também através de detalhes como as portadas de madeira. São os ingredientes que nos recordam a riqueza da terra, os materiais o seu conforto e é impossível a cozinha tradicional não nos encantar com o cheiro do pão acabado de sair do forno de lenha. É o ferro, as madeiras e os vimes que nos fazem querer ficar, mas também os tecidos tradicionais que nos recordam partes da nossa infância.
As janelas de guilhotina permitem-nos ver para além da nossa imaginação. São os pastos onde as dengosas vacas se passeiam e os aromas do prado molhado das gotas da manhã, que nos incitam a começar um novo dia. Na sala as riquezas que a terra oferece misturam-se com peças de cerâmica e madeiras recuperadas.
Quando a luz rompe pela manhã, a casa é inundada. Por todo o lado sente-se o dia a começar entrando pelas janelas com os seus cortinados em renda, oferecendo um vislumbre das hortênsias e do seu abraço. A terra está a acordar. A mesa que recebe o lavatório em pedra da ilha e o remate do cortinado que lhe dá o encanto fortalecem o impulso de ir explorar a natureza. E depois, o lençol antigo que habita por cima da cama, leva-nos à cultura da ilha Terceira quando nas procissões os bois puxam as carroças, adornadas com varas cobertas com lençóis antigos.
Rico em detalhes, cada espaço é um tesouro. Inspirados pela costura e pela sua capacidade de transformação, a mesa de cabeceira está forrada com moldes antigos de roupa e pequenos retalhos de tecido ocupam as paredes. E, a cor tomate sempre presente, cria uma primeira impressão forte. Todos os dias o arco-íris está presente e, afinal, esta é a primeira cor e aquela que vemos constantemente, mesmo quando as outras são pequenas nuances vagas. A cor da energia que nos sugere que estamos ligados à terra. Sempre.