Aqui no Lubango vai nascer uma casa. Fundada sob raízes africanas, esta é uma casa onde o luxo habita. África terra mãe, majestosa, primordial, ventre sagrado do mundo.
Esta casa é inspirada nas construções tradicionais africanas. Nessas cubatas abobadadas, que tal como o útero materno, nutrem, cuidam, sustentam, e protegem da chuva, do calor, dos mosquitos e dos animais selvagens.
O projeto parte da premissa de um anterior esboço. Os volumes dessa primeira planta são depois ajustados e rodados conforme a experiência de luz e do habitar que se procura para cada um. No final, fundidos através do seu atravessamento comum.
À terra vai-se buscar a cor do adobe, que tão bem se integra na magnífica paisagem, e que nos conta uma história diferente a cada estação do ano.
O conceito da abóbada é transposto para uma vivência mais moderna. Através de uma interpretação formal consegue conferir sumptuosidade ao espaço, onde através de aberturas zenitais, cuidadosamente colocadas, se derrama delicadamente uma luz quase sacra.
Os espaços sucedem-se palacianamente, quase como se o desenrolar do infinito se apresentasse diante dos nossos olhos, e o pé direito vai variando para criar situações de maior ou menor intensidade, de abrigo, de acolhimento, de expansão ou descobrimento.
Lá fora, pequenas cubatas perdem-se pelo exótico jardim, salpicadas com mestria por entre a vegetação. Estas estruturas tornam-se pomposos e interessantes espaços de acolhimentos de visitas.
Este conceito contrastante entre a luxuosa casa-mãe como abrigo uterino moderno e o etéreo e primordial jardim, fala-nos na verdade, de uma forma tão pura e simples daquilo que é África.
Porque, no final do dia, é neste estonteante terraço que melhor se contempla a doirada paisagem do pôr-do-sol, enquanto os pássaros jubilam livres, sem medo e as feras selvagens, deixam-se ficar respirando docilmente o ar.
