Retreat In Lisbon . Portugal

O tempo de agora fez renascer uma casa de outrora, num prédio cheio de histórias. Por dentro está rodeada de tons leves e tranquilos recebendo salpicos de cor que conduzem à descoberta dos pormenores. Esta não é uma casa qualquer, mas sim um acolhedor lugar que nos leva a uma viagem serena e contemplativa. A vida aqui pede placidez. A luz que a envolve é perfeita e exalta os recantos que acolhem peças singulares, assentes num majestoso chão espinhado de madeira escura.
Na sala um imenso sofá, cor de cogumelo, pede leituras eternas ou só palavras entretidas pelo café ou chá pousados sobre a mesa de pés dourados coberta de negro mármore.
Ao lado uma chaise longue rosa nude determina que o tempo não passa. Uma peça francesa pintada com elementos que dançam, e um imenso espelho veneziano de linhas retas, ao cimo da lareira, recorda outros tempos.

Neste recanto comum e de refúgio as peças de design contemporâneo encontram simetria noutras de gerações antepassadas. Sem portas, a zona social, da casa que vai contar uma nova move-se para a mesa redonda, em madeira de castanheiro, onde surgem quatro cadeiras, de outro século, tratadas por cuidadosos artesãos, o assento comunica com o mármore tigrado da lareira e o lustre que também já viveu noutros lugares paira, lá do alto, com elegância.
A cozinha branca, onde cabe tudo, declara-se ao espaço exterior, mas fecha-se, quando não é preciso pela magia de uma persiana, só deixando o espelho da bancada refletir o ambiente.

Na suite master há paredes cinza evidenciadas por molduras brancas que lembram a elegante loja Dior, em Paris, onde uma cama com cabeceira capitonê recebe um finíssimo dossel, criando movimento. A mesa de cabeceira e a cómoda, em madeira escura, voltam de outras épocas renovadas, para criar espaços que vão guardar apenas aquilo que importa. Um pequeno lustre conduz-nos a uma história de encantar. Noutro quarto descobre-se a pureza, nada aqui se belisca, tudo é calmo e sereno. As peças principais foram pintadas de branco e um espelho singular, em papier machê anuncia o começo de um novo dia. Uma outra suite em tons tranquilos, diz-nos que ali se alargam horizontes, num composto de texturas, ton sur ton, atraídas pela luz natural.

As casas de banho recebem o movimento do mármore Pele de Tigre, o detalhe foi estudado e implementado ao pormenor.
Esta é uma casa reinventada com mestria e singularidade, que volta a ter movimento, onde agora tudo tem o seu lugar. Os tons neutros que convidam ao sossego são valorizados pela luz natural que faz sobressair o soalho e o movimento das pedras. Os detalhes que vestem as paredes e as flores brancas, transformam este lugar numa espécie de retiro contemplativo, onde se pode viver todos os dias ou só quando apetecer.

Fotógrafo: Ana Paula Carvalho
Texto: Cristina Freire

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