Os barcos de pesca de coleção lembram-nos os barcos alinhados no porto, prontos para descobrirem cardumes. Mas é nos degradés de linhos azuis e brancos que vestem as janelas, que nos recordamos do movimento das águas. No sofá virado para o exterior, o patchwork das almofadas em azuis, quadrados ou flores cria a mistura do todo.
As madeiras desgastadas, os antigos baús de viagem e os sofás revestidos a linho recordam-nos que o tempo aqui também passa. Apesar de estarmos no meio do oceano, rochas perdidas no azul, as memórias estão cá. Pequenos objetos que cruzam a matéria orgânica da madeira e o azul da água, mas também das tonalidades das hortenses.
Esta é a ilha das hortenses. Rainha do azul lilás, que contorna caminhos e pastagens. Estamos na Ilha Terceira dos Açores. O espaço de tons verde e azul leva-nos às pastagens a perder de vista, ao cheiro da terra e de um oceano sem fim. As crianças chamam o avô para ir ver as baleias com os seus recados e é neste conforto simples, em que os linhos marcam presença, que podemos sentir a natureza em pleno.
No quarto os amarelos lembram-nos os pomares de citrinos que exalam um perfume intenso e agradável. Uma sensação de acordar em paz, em que o som do silêncio é rei. As almofadas oferecem-nos o azul do mar, os linhos e texturas o toque do tempo e as madeiras o conforto de uma matéria prima natural. A cama com dossel dá um ar romântico ao ambiente, com o ondular do seu tecido.
No andar de cima a base é neutra e as riscas correm em linho lavado. Nesta zona social são os tons neutros e claros que predominam. Que nos fazem apetecer andar descalços.
Quando chegamos à suite apercebemo-nos de uma desarrumação cuidada. Do desafio à gravidade do dossel, ao conforto dos tons que nos abraçam. Este é o lugar para descansar corpo e espírito.
Deixamo-nos então ficar a admirar o azul do Atlântico. A aproveitar o privilégio de podermos observar estes animais majestosos que habitam há milhões de anos as águas profundas, mas também as nossas mentes. E, não podemos deixar de pensar na misteriosa Cidade Perdida da Atlântida, talvez afundada neste oceano. Esse império abundante e fasto, motivado pelos diálogos de Platão, será lenda ou realidade?