Manor House . Lisbon . Portugal

Num recanto da cidade de Lisboa, há uma casa senhorial rodeada por um enorme jardim. Foi renovada e nada se perdeu. As janelas namoradeiras que o tempo não mudou revelam às paredes os segredos das árvores. A firmeza do preto e branco movimenta-se ganhando a energia do verde. Uma mesa com tampo de couro, rodeada por poltronas antigas, estofadas que ganharam determinação, espera pelos apontamentos do dia. A brancura das paredes leva-nos a recantos que olham o jardim que está lá fora.

Linhos, algodão, pedras e madeira trazem para dentro a leveza dos elementos que assentam no nobre soalho. Um envolvente sofá, animado por duas cadeiras vintage, deixa adivinhar que ali há conversas, à volta de duas mesas de pedra estatuário. Uma mesa dos anos trinta está agora perto da chaise-longue que descansada olha o jardim, enquanto desvenda a ramada de flores. Sobre uma cómoda, pintada de jade, a energia é renovada e tudo assenta na serenidade.

Quando o dia se apaga acendem-se as luzes e este aconchego revela que agora é tempo de relaxar entre as convidativas almofadas que jogam com as cores da casa. À volta da mesa de jantar oval, em madeira, com elegantes pés cromados, as cadeiras vestidas de diferentes padrões e texturas encontram acordo entre épocas passadas e o modernismo.

E quando o chef solta as suas habilidades tudo à volta conspira em seu benefício. No imaculado branco há uma frase a lembrar que as boas escolhas alimentares são um bom investimento. Por cima da ilha uma luminária contemporânea define o espaço. Quando os amigos vêm saborear os novos vinhos, sentam-se à volta da mesa de castanheiro, onde o pão estaladiço aviva memórias antigas. E há aqueles que gostam mais dos bancos de pedra, que lá continuam a escutar as conversas que um dia serão novas histórias.

Tons fortes, na suite Master, aconchegam a hora de descansar. Envolvida pelas paredes forradas a papel listado, encosta-se a cama, ladeada por mesas de cabeceira que não beliscam a sua dignidade. Perto uma cadeira do século XVIII esculpida e adornada com folha de ouro convida à continuação do livro que ficou pousado na mesa revestida de azulejos.

Ao lado, no quarto mais feminino, a pureza dos brancos elogia o romantismo das rendas. Esta é uma casa movimentada por misturas improváveis conduzidas por uma linha gráfica que se encaixa num estilo eclético.

Fotógrafo: Ana Paula Carvalho
Texto: Cristina Freire

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