Nesta casa o farol pertence a um quadro real, com a sua torre quadrangular de alvenaria, edificado no século XVII, em Cascais. Sentados na sala, através de um painel de vidro único que emoldura este quadro vivo, vemos os barcos a passar. É o farol, mas também o movimento das ondas e do mar, que transforma este quadro em algo extraordinário, lembrando-nos que tudo muda.
Com os brancos e tons nude como base principal, todos os detalhes foram estudados. No meio das cadeiras de linhas simples da sala de jantar, surgem duas cadeiras italianas pintadas. São as suas formas, mas também o verde pintado à mão, que as torna uma peça de museu.
Mas esta é uma casa de surpresas. Uma casa que voltou a viver. Uma casa que se movimenta. A zona social é feita sem portas. No centro, a cozinha em forma de cubo faz a ligação entre os espaços. Aparece e desaparece, como num espetáculo de magia. E, quando este cubo se abre, tudo está interligado. O mármore Carrara, com um friso metálico e os cromados estabelecem o ponto de partida, mas são os lustres que criam a ligação com toda a casa.
Amantes do impressionismo, deparamo-nos com uma seleção de peças de design, que se misturam harmoniosamente com peças herdadas ou colecionadas. O contador em teca, tartaruga e marfim do século XVII e o espelho de época lembram outras vidas.
Os brancos invadem o quarto principal. O cadeirão forrado, com o seu tecido tricotado, oferece um conforto suave. Sobre a cama um couvre-pied em diferentes texturas. A flor feita à mão pousa sobre uma almofada. Na mesa de cabeceira lê-se Acqua della Notte.
A luz reflete no pavimento e nas paredes de mármore estatuário casado, que faz sobressair o desenho natural da própria pedra. Este é um trabalho de dedicação, de mestria. A mesa da bancada, com os pés torneados em cromado e a banheira solta, pintada em riscas de tons taupe, contrastam com o remate do espelho do século XVIII.
Os tons brancos, beges, nudes e rosas em tingimentos naturais, tornam o ambiente acolhedor. As esculturas em gesso, pequenos detalhes na parede, mas também na cómoda francesa cassé do século XVIII, que entra na zona do closet, oferecem a irreverência própria da juventude. E o toucador de um antigo cabeleireiro dos anos 50 acomoda-se num ambiente de encanto.
No exterior, a mesa lareira em pedra, quebra as barreiras das quatro estações. Este é um espaço para ser gozado todo o ano, onde as cadeiras e mesa em ratan oferecem descontração. E, sem esperarmos, o conjunto de peças de cerâmica em tons verde, são quase como um grito de cor que brinca na mesa. Afinal, esta é uma casa de surpresas.