Baptism to the Sound of Music . Lisboa . Portugal

Este é o som da felicidade. Um batizado marcado por pequenas gargalhas espontâneas, que celebram a chegada de um bebé. Sorrisos cúmplices que revelam um ano a dois.
Hoje, celebra-se a vida. Entre amigos e família, mantém-se à distância o bulício da cidade, num espaço mágico, transbordando de azul.

A jardinière antiga, repleta de hortenses brancas, marca o tom. Mas são os painéis de azulejos, com o seu azul rico envolvido pelo verde do jardim, que marcam o ritmo.
Num jardim do século XVII, inspirado nos jardins italianos de Seiscentos, ladeado a sul por um tanque monumental de quase 50 metros, estamos no Palácio Marquês da Fronteira.

No terraço encontramos painéis que representam costumes campestres, o elogio às quatro estações. E hoje a festa veste-se de primavera. Um símbolo do renascimento, o começo de um novo ciclo.

Ao som da banda sonora de A Música no Coração transmite-se a beleza do amor, a importância da família, a união, a partilha, a esperança, o sonho e a certeza de finais felizes. A música que se ouve entre as arcadas – Do, a deer, a female deer; Re, a drop of golden sun –, o acolhimento feito por pessoas vestidas à Áustria da época e as crianças com os tecidos roubados às cortinas como as personagens do filme, levam-nos num ambiente intemporal.

Da capela para o palácio, o percurso faz-se de coche. São as antigas carruagens vindas de Sintra, com os seus cocheiros vestidos a rigor, que conduzem a festa a trote e bom passo. O acolhimento é feito sob chapéus de palha, que com delicadas flores presas, são um desafio ao vento, deixando-se ondular sem preocupações. Os vestidos uma ode à natureza.

E, quando se procura o fresco do interior, são as longas mesas alinhadas que convidam ao tête à tête que espantam. As suas toalhas em toile de jouy, o tecido que Marie Antoinette escolheu para revestir as paredes do seu palácio, misturam-se com o padrão em quadradinhos tão familiar da vida campestre. A narrativa continua nos centros de mesa, contos de fada em miniatura. As personagens, as flores miudinhas e o cenário são escolhidos a rigor, em dimensões reduzidas, criando um jardim encantado, onde os passarinhos pousam nos ovos em papier maché, a representar o nascimento. Pequenos contos, com grande significado.

As salas sucedem-se cheias de história. Mas na sala principal sobressaem os candelabros forrados a papier maché, de generosas proporções, parecendo dançar com os abat-jours pintados à mão, com motivos florais. E, quando a noite cai, as árvores repletas de abat-jours provocam a escuridão. A festa transforma-se e a música continua a ouvir-se. Mas o ar continua a ser de leveza.

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